Friday, January 28, 2005

O JUSTICEIRO (ÁREA 1): RESENHA DVD

(The Punisher, 2004, cor, 1h37)
Widescreen Anamórfico 2.35:1; áudio Inglês 5.1 e 2.0
Legendas: Inglês, Espanhol
Lions Gate
Cotação Filme: 2/5
Cotação DVD: 2/5


Muitas coisas negativas foram ditas sobre O JUSTICEIRO e não posso negar que a maioria tem razão. Mas o problema se resume em uma pessoa: o diretor Jonathan Hensleigh. Como Mark Steven Johnson já tinha provado em DEMOLIDOR, boas intenções e amor ao material não fazem um bom filme. Bryan Singer nunca se interessou por quadrinhos antes de fazer X-MEN. E depois de duas adaptações seguidas, já embarcou para dirigir o novo filme do SUPERMAN. Desde a escolha da cidade de Tampa na Flórida até a fotografia, roteiro e elenco, vemos que Hensleigh não conhece nada do que é realmente interessante no personagem vivido por Thomas Jane (que até segura bem o papel).

Frank Castle (Jane) é um agente do FBI que, após uma batida de drogas onde é assassinado o filho do mafioso Howard Saint (John Travolta), resolve se aposentar. Como vingança, Saint e sua esposa ordenam que Castle e toda a sua família, sejam assassinados. Mas Castle sobrevive e retorna para se vingar de Saint.

Os erros já começam aí. Vingança nunca foi a missão do Justiceiro. Uma das grandes sacadas dos quadrinhos é que nunca se soube ao certo quem foi o responsável pela morte da família de Castle. Então ele não culpa um criminoso, ele culpa a todos. Quando Hensleigh diz ter feito o roteiro do filme baseando-se na aclamada mini-série Welcome Back, Frank, escrita por Garth Ennis, mostra-se o quanto ele perde a profundidade do personagem. E o Justiceiro nunca foi um personagem lá muito profundo. Mas as únicas semelhanças entre o filme e a mini-série são os vizinhos de Castle e o assassino Russo. Mas o que podia-se esperar do roteirista de filmes como ARMAGEDDON?

Apesar de tudo, o filme ainda tem suas qualidades. É um alívio ver que Hensleigh, diretor de primeira viagem, pelo menos não se rende a maneirismos que reinam nos atuais filmes de ação como o cansadíssimo efeito bullet time ou o uso de aceleração de quadros e câmera lenta nas cenas de ação. Thomas Jane também veste a camisa do Justiceiro (literalmente) e enquanto pode até não ser o novo queridinho de Hollywood, mostra que pode carregar um filme de ação. Travolta é um desperdício, atuando em total piloto automático dando saudades de até mesmo seus personagens mais apagados como em A SENHA: SWORDFISH. Outros rostinhos conhecidos como Laura Harring, Rebecca Romjin e Ben Foster não se destacam mas não passam vergonha.

Se você não viu O JUSTICEIRO nos cinemas brasileiros (porque não foi lançado) e a não ser que você se disponha a pagar pelo DVD em dólar (que foi o que eu fiz), você não vai vê-lo em seu formato original. Sim, a Columbia além de lançar o filme diretamente nas locadoras, vai lançá-lo apenas em tela cheia. Não que você esteja perdendo muita coisa. Essa é certamente uma das piores empreitadas cinematográficas da Marvel Comics desde X-MEN. Mas não é de todo ruim ou merecedor de toda crítica que recebeu já que está no mesmo nível do primeiro BLADE ou mesmo de DEMOLIDOR, que têm vastas legiões de defensores.

O DVD americano não é nada mal. A imagem em widescreen anamórfico 2.35:1 (morra, tela cheia, morra!) está caprichada, aparentemente sem falhas, assim como o som 5.1 Dolby Digital Surround EX. Mas cá entre nós, isso é a obrigação mínima das distribuidoras.

Os extras já não são grande coisa e nem mesmo têm legendas. Keepin' It Real: The Punisher Stunts mostra como foram feitas algumas cenas de ação (que nem são tão elaboradas assim). Army of One: The Punisher Origins mostra as origens dos quadrinhos do Justiceiro, incluindo entrevistas com os cabeças da Marvel Films (que mostram cada vez mais não saber bulhufas sobre os personagens e só pensarem no lucro). War Journal: On The Set of The Punisher mostra os bastidores do filme e principalmente do diretor Jonathan Hensleigh e Thomas Jane. Há um preview do videogame baseado no filme e um videoclip do Drowning Pool que consegue ser ainda pior que a fraca trilha sonora de Carlos Siliotto. Drawing Blood: Bradstreet Style é uma entrevista com o desenhista de capas Tim Bradstreet, que apesar de ser bom no que faz, consegue ser ainda mais repetitivo ao vivo do que em seu trabalho. As cenas deletadas e os comentários em áudio do diretor (que também não têm legendas) não acrescentam muito à experiência.

Enfim, se você faz questão de ter O JUSTICEIRO na sua coleção, desembolse uns trocados a mais e compre o DVD americano. Ver filme medíocre já é difícil. Ver em tela cheia é uma missão impossível. Quase tão impossível quanto saber qual versão de O JUSTICEIRO é pior: essa ou a de 1989 estrelada por Dolph Lundgren.

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